Qualquer um pode explorar as
emoções usando o amor como tema. O cinema faz isso em duas horas e a música
consegue o mesmo resultado em quatro minutos. Já a poesia consegue arrancar uma
lágrima e um sorriso em poucos segundos.
Cheguei à conclusão de que,
quanto menos tempo você precisar para falar sobre o assunto, mais fácil
perceber o que esse tal de amor significa. Na verdade o que conta aqui não é o
tempo, mas a intensidade. Por isso um simples olhar, apesar de silencioso e
sutil, pode ser tão poderoso.
Dizem que existem vários tipos de
amor. Já ouviu falar, por exemplo, de amor platônico?
Eu sei que sim, caro leitor.
Tenho quase certeza de que você até já viveu um e é exatamente por isso que sei
que você vai até o fim desse texto.
Amor platônico é aquele que
normalmente acontece na adolescência, numa época em que não se sabe direito o
que é amor, quem foi Platão e muito menos o que uma coisa tem a ver com outra. Aí
um dia você descobre que o cara era um filósofo que dizia que o amor era uma
mistura de realidade e fantasia sobre uma pessoa idealizada num tipo de relação
sem envolvimento, sem contato, sem nada. Então você traduz tudo isso como se
fosse um amor à distância e começa a desconfiar de que Platão era só um moleque
inseguro e tímido que vivia no Facebook e não era macho o suficiente para
chegar numa garota e convidá-la para um cineminha.
Será que esse mané ficou famoso
só porque tinha um tipo de amor batizado com seu nome?
Quando você está prestes a
abandonar de vez essa ladainha de amor platônico o Destino vem e lhe apresenta
a Paixão. Pronto! Começa aqui o capítulo mais novela mexicana da sua vida com
direito a trilha sonora e tudo mais.
Ah! A paixão. Ela funciona como
as estações do ano: se não fosse pela data não saberíamos ao certo quando uma
estação começa e outra termina, mas de alguma forma sentimos que uma delas está
por perto.
A estação nos confunde às vezes.
Você sente frio, mas não é inverno; a temperatura sobe, mas não é verão. E um
dia a estação vai embora e tentamos esquecê-la.
Mas ela volta.
Volta diferente, talvez mais
intensa, talvez menos, talvez mais bonita, mas nunca passará despercebida.
E o tempo passa com você mais
experiente, maduro e percebendo que o conceito daquele amor filosófico era
perda de tempo. Então você resolve deixar Platão e toda a sua filosofia de lado
para se dedicar às outras disciplinas dessa escola dos sentimentos: a química
do amor, a física do amor e também a biologia e a matemática do amor. É quando
tudo começa a ficar realmente interessante, mas também mais complicado porque
você encara todas essas matérias ao mesmo tempo. Mas o esforço vale a pena.
Infelizmente alguns abandonam o
barco e passam a viver uma vida de ilusões. É por isso que há muita gente carente
sozinha por aí ajudando autores de livros de sexo autoajuda a subirem no
ranking dos mais vendidos.
Se
você insiste em encontrar alguém que te "complete", esqueça. Acho que seu
conceito sobre relacionamentos está distorcido. Deve ser por isso que seus
relacionamentos não dão certo e você deve ser um daqueles que começa um namoro
achando que não vai ter tempo para os amigos, que vai deixar de fazer as coisas
que fazia antes etc. Saiba que não é bem assim que as coisas funcionam.
Provavelmente
você é mais um daqueles que passa muito tempo na frente da TV engordando chorando
com finais de filme mela cueca e vive torcendo para um final feliz daquele
casal "chove-não-molha" da novela das nove.
Espero
que você saia dessa e possa rir disso tudo um dia. Espero que nesse dia venha
outra estação e você encontre alguém para que possam aprender algo um com o
outro e também juntos, mas não espere que esse alguém satisfaça todas as suas
necessidades.
Entenda
que ninguém mudará sua vida radicalmente. É claro que alguma coisa vai mudar,
mas você continuará sendo você, só que melhor. Com um pouco de tempo vocês
ampliarão seus horizontes e essa pessoa fará você compreender que o amor é
outra coisa e que... o quê mesmo? Ah! Deixa pra lá, esse papo está ficando
muito piegas.
Guigo é autor do blog www.doiscuringas.blogspot.com
e professor de arco e flecha do cupido.
professor de arco e flecha, kkk! Ótima essa sua postagem. Uma ironia muito gostosa de se ler. Fiquei decepcionado com Platão, contudo mais dia menos dia isso teria que acontecer. Estou quase saindo da adolescência e acabaria por descobrir isso. Tenho um pouco de receio da paixão, mas se passar maus bocados com isso, recorro ao Guigo, professor de arco e flecha do cupido. Rs...rs!
ResponderExcluirUm abração
Manoel
Amor amor, as pessoas criam tantos tipos de amor. Bem direto e sincero seu texto, quem nunca teve o tal amor platônico? na verdade, eu acho que amor mesmo,é um só. O resto, é ilusão, fantasia, paixão e seja lá mais o que for. Eu deixei meu platão de lado faz tempo, e encontrei esse tal alguém que não me mudou radicalmente, mas me fez ser uma pessoa bem melhor.
ResponderExcluirMe identifiquei com seu texto, é bem assim..
Vim através do blog do óbvio, estou te seguindo:*
Coruja Essência
Recentemente estive refletindo sobre esse fato citado no segundo parágrafo. Esse post veio como uma resposta para algumas questões que ficaram na minha cabeça. E realmente vejo que intensidade e longos períodos caminham em sentidos opostos na estrada dos sentimentos. Se não for breve, não é intenso. É como "aquilo" que aprendemos nas aulas de Física: quanto menor a área, maior a pressão produzida. Por que não pode ser longo e intenso? rs...Seria perfeito. Masss, essas indagações só confirmam os ditos populares: "O que é bom dura pouco" e "Perfeição não existe"
ResponderExcluirAdorei o post.
Também estou aqui através do Blog do Óbvio.